Tradição Não é Religião

 

Tradição Não é Religião — A Verdadeira Religião Segundo Jesus

Por Assunção Rodriguês Mussa 

Palestrante e Seminarista|Professor e Tradutor de Inglês|Obreiro de Sustento Próprio|

Vivemos num tempo em que práticas religiosas ganham destaque, mas a essência do cristianismo se perde na formalidade. Muitos seguem rituais e tradições sem entender o propósito real da religião apresentada por Jesus. Por meio da parábola do Bom Samaritano, Cristo nos ensina que a verdadeira religião vai além de cerimônias — ela é amor prático ao próximo.

1. O Que É Tradição e O Que É Religião?

Tradição — Conjunto de costumes e práticas passados de geração em geração. Embora algumas tradições possam edificar, muitas se tornam meros formalismos sem vida espiritual.

“Não devemos considerar como essencial toda prática que tenha sido introduzida pelos homens, embora ela se revista de aparência de piedade.”Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 398

Religião Verdadeira Conforme Tiago 1:27, consiste em socorrer os necessitados e manter-se puro do mundo.


2. Tradição Vazia — O Exemplo dos Fariseus

Nos tempos de Jesus, os fariseus seguiam regras, tradições humanas e formalismos. Eram zelosos em rituais, mas frios no amor.

Hoje, práticas como culto formal, repetição mecânica de orações, usos e costumes impostos, servem mais para manter aparências do que para aproximar do próximo e de Deus.

 “É Satanás quem induz os homens a atribuírem importância àquilo que não é essencial, e a negligenciarem as coisas que são essenciais.” — Ellen G. White, Caminho a Cristo, p. 103

  • Exemplos atuais:

  1. Exigência de roupas específicas para culto sem base bíblica.
  2. Crença de que objetos sagrados ou locais garantem bênçãos.
  3. Uso de liturgias vazias, sem entendimento do seu significado.
Muitos se encontram perdidos dentro da igreja, porque a religião de Cristo não é conhecida e nem tão pouco praticada. As pessoas pensam que o facto de irem para a igreja, pertencerem a um grupo de obreiros ou clubes na igreja, possuirem um cargo e se envolverem ativamente nas atividades da igreja, isso os torna cristãos e servos de Cristo.
Pelo contrário, a menos que o amor a Deus e ao próximo sejam a mola para essas ações, isso se tornará "uma pesada e desagradável tarefa", um autêntico fardo!

3. O Bom Samaritano — A Religião Prática de Jesus

A Parábola do Bom Samaritano, encontrada em Lucas 10:25-37,  ela nos desafia a refletir sobre o verdadeiro significado do amor ao próximo e a essência da verdadeira religião, contrastando-a com o mero cumprimento de tradições religiosas.

  • A História que Jesus Contou

Tudo começou quando um perito da lei perguntou a Jesus o que fazer para herdar a vida eterna. Jesus o desafiou, perguntando: "O que está escrito na Lei? Como a lês?". O perito respondeu corretamente: amar a Deus de todo o coração e ao próximo como a si mesmo. Mas, querendo se justificar, ele retrucou: "Quem é o meu próximo?".

Foi então que Jesus contou a parábola:

Um homem que descia de Jerusalém para Jericó foi assaltado, espancado e deixado semimorto.

 * Um sacerdote passou, viu o homem ferido, mas o contornou e seguiu em frente.

 * Um levita (assistente do sacerdote no templo) também passou, viu o homem, mas o ignorou e continuou seu caminho.

 * Por fim, um samaritano (um povo desprezado pelos judeus, considerados hereges) passou. Ao ver o homem, ele se compadeceu profundamente. Ele se aproximou, tratou as feridas com azeite e vinho, o colocou em seu próprio animal, levou-o a uma hospedaria e cuidou dele. No dia seguinte, deu dinheiro ao hospedeiro e pediu que continuasse a cuidar do homem, prometendo pagar qualquer despesa adicional no seu retorno.

Após contar a parábola, Jesus perguntou ao perito da lei: "Qual destes três você acha que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos assaltantes?". O perito respondeu: "Aquele que teve misericórdia dele". Jesus, então, concluiu: "Vá e faça o mesmo."

  • Verdadeira Religião vs. Tradições Vazias

A parábola traça uma linha clara entre duas abordagens à fé:

  1.  Verdadeira Religião: Amor e Ação

   É exemplificada pelo samaritano. Ele, apesar de ser um estrangeiro e socialmente estigmatizado, agiu com compaixão genuína, misericórdia e amor prático. Sua fé não se manifestou em rituais ou dogmas, mas em ações concretas de ajuda a um necessitado, independentemente de sua origem, crença ou status social. Ele viu a necessidade e agiu, colocando a vida e o bem-estar do outro acima de qualquer conveniência pessoal ou preconceito. A verdadeira religião, segundo Jesus, é vivenciada no amor ao próximo expresso em atos de serviço e empatia.

  1. Tradições Religiosas: Formalismo e Apatia

   São representadas pelo sacerdote e pelo levita. Ambos eram figuras proeminentes e respeitadas no sistema religioso judaico. Eles conheciam a Lei, participavam dos rituais do templo e, presumivelmente, seguiam as tradições. No entanto, sua adesão às tradições não os levou à ação compassiva. Talvez evitassem tocar o homem ferido para não se tornarem cerimonialmente impuros (uma preocupação religiosa da época) ou simplesmente por indiferença. A parábola critica o formalismo religioso que se torna estéril e cego às necessidades humanas, priorizando regras e rituais vazios em detrimento da essência do amor e da misericórdia. Suas ações (ou a falta delas) revelam uma religião que se tornou um fim em si mesma, e não um meio para servir a Deus e ao próximo.

“O verdadeiro teste da religião não é o zelo pelas formas exteriores, mas o amor prático pelos outros.” — Ellen G. White, O Maior Discurso de Cristo, p. 123

4. O Perigo das Práticas Religiosas Fúteis

  1. Buscar posição na igreja por status.
  2. Apegar-se a tradições humanas que anulam a Palavra de Deus (Marcos 7:13).
  3. Valorizar mais o templo ou o ritual do que as pessoas.
  4. Substituir a comunhão com Deus por formalismos.

5. O Chamado de Jesus: Viver o Evangelho

Jesus não instituiu uma religião ritualista. Ele chamou discípulos para uma vida de amor, serviço e misericórdia.

“Deus deseja que nossa vida seja um reflexo do Seu amor.” — Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver, p. 470

Características do verdadeiro seguidor:

  • Pratica a misericórdia.
  • Serve sem esperar reconhecimento.
  • Vive a fé de forma genuína e prática
O Amor em Ação: O Verdadeiro Critério do Juízo Final
Quando pensamos no Juízo Final, muitas vezes imaginamos cenas grandiosas ou listas de pecados e virtudes. Mas Mateus 25, nos oferece uma perspectiva surpreendente e prática sobre como seremos julgados. Jesus não foca em rituais religiosos ou em meras profissões de fé, mas sim em algo muito mais tangível: o amor em ação.

Jesus descreve que, no fim dos tempos, Ele, separará todas as nações como um pastor separa as ovelhas dos bodes. À sua direita estarão as "ovelhas" (os justos), e à sua esquerda, os "bodes" (os injustos).

O critério para essa separação? Não é o quanto você orou, jejuou ou participou de cultos, mas sim como você tratou o próximo, especialmente os mais vulneráveis.

  • Jesus é explícito sobre as ações que contam no Juízo Final:
"Então, dirá o Rei a todos que estiverem à sua direita:‘Vinde, abençoados de meu Pai!.. Pois tive fome, e me destes de comer, tive sede, e me destes de beber; fui estrangeiro, e vós me acolhestes. Quando necessitei de roupas, vós me vestistes; estive enfermo, e vós me cuidastes; estive preso, e fostes visitar-me’."
  •  Você se importou com quem não tinha o que comer?
  • Ofereceu ajuda a quem estava sedento?
  • Abriu as portas para quem não tinha para onde ir?
  •  Ajudou quem não tinha roupas?
  • Deu atenção e apoio a quem estava enfermo?
  • Lembrou-se daqueles que estavam na prisão?
A parte mais impactante desse ensinamento é que Jesus identifica com o sofredores: "Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes." E o inverso também é verdade: "Em verdade vos digo que, quando o deixastes de fazer a um destes mais pequenos, a mim o deixastes de fazer."

Isso significa que, aos olhos de Jesus, cada ato de compaixão e serviço ao próximo, por menor que pareça, é um ato de compaixão e serviço diretamente a Ele. E a negligência em ajudar os necessitados é, igualmente, uma negligência a Ele próprio.

Conclusão — Tradição Não É Religião

A verdadeira religião não se mede por rituais, tradições ou aparência. Medimos pela entrega ao próximo, pelo amor sem interesse e pela comunhão sincera com Deus.

As tradições religiosas separam pessoas, faz que desprezem seus semelhantes pelo simples facto de serem do mesmo núcleo de fé ou por não cumprir com as suas tradições religiosas, no entanto, a verdadeira religião une pessoas, valoriza pessoas e permite que o amor seja a mola das ações.

Não basta ter fé ou boas intenções; é preciso que essa fé se manifeste em obras de amor concretas. 

Que essa mensagem nos inspire a viver uma vida de serviço e compaixão, sabendo que cada ato de amor ao próximo é um investimento direto em nosso destino eterno.

“Vai e faze da mesma maneira.” — Lucas 10:37

 “Deus requer o serviço do coração, não o mero cumprimento exterior de cerimônias.” — Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 315


Reflexão Final:

Se a tua religião não faz de ti alguém mais compassivo, justo e amoroso, talvez estejas apenas praticando tradições humanas.

Versículo-Chave:

“A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se da corrupção do mundo.” — Tiago 1:27

Arrazoando - Porque a fé Pensa!
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